quinta-feira, 17 de março de 2011

Método Mézières


O Método Mézières é um método reeducacional da postura, que parte do princípio de que temos mais músculos posteriores do que anteriores e que a musculatura posterior do corpo forma uma cadeia contínua, sendo o corpo trabalhado como um todo.

Em 1947 na França, nascia esta técnica proposta por Mademoiselle Françoise Mézières, uma fisioterapeuta que além de descobrir a cadeia muscular, denominou-a de “cadeia muscular posterior” afirmando que todos os desvios de postura são causados pela lordose, utilizando como base o tratamento o alongamento dos músculos posteriores. Durante o tratamento percebeu-se ainda mudanças não apenas corporais, mas também mentais e emocionais, concluindo que, mexendo o corpo, mexemos em todas as experiências acumuladas ao longo da vida.

Mézières faleceu deixando poucos escritos sobre sua técnica, mas calcula-se que tenha diplomado 1500 terapeutas, a maioria na França, que entre os quais está uma aluna chamada Thérese Bertherat, que idolatrava Françoise Mézières por suas idéias, e acabou por aperfeiçoar a técnica Mézières, difundindo-a para todo o mundo.

No final da década de 40, a fisioterapeuta corporal Françoise Mézières, através de uma observação cuidadosa, desenvolveu uma teoria revolucionária sobre os desequilíbrios corporais, segundo a qual todos os desvios de postura são causados pela hiperlordose (encurtamento anormal da coluna vertebral), afetando toda a “cadeia muscular posterior” responsável pelo equilíbrio.

Mademoiselle Françoise Mézières nasceu em 1909 na França, ensinou o seu método do fim dos anos 50 até sua morte em 1991 estritamente para os fisioterapeutas diplomados, entre os quais estava sua principal “discípula” Therése Bertherat, que teve o prazer de conhecer Françoise Mézières aos 63 anos quando a procurou quando estava com problemas físicos e emocionais, tornando-se adepta da técnica Mézières. Therése Bertherat afirma que Mézières era uma mulher cujo dom de observação era fora do comum, o que tornou o seu método uma grande evolução no tratamento de doenças ditas “incuráveis”. Mézières acabou influenciando outros alunos que criaram suas próprias técnicas, como por exemplo, Philippe- Emmanuel Sourchard, que ensinou o método Mézières durante 10 anos no centro Mézières, no sul da França, e criou o método conhecido como Reeducação Postural Global (RPG), e ainda nos Estados Unidos um método com princípios parecidos, proposto por madame Ida Rolf.

Em 1937 Françoise Mézières diplomou- se como Fisioterapeuta de Reabilitação na Escola
Francesa de Ortopedia (Escolei Françoise d’ Orthopedie), aprofundando- se mais no campo da ginástica médica.

Françoise Mézières dedicou toda sua vida ao estudo da mecânica muscular. Suas grandes descobertas foram que a cadeia muscular posterior que vai dos pés a cabeça, trabalha como um só músculo, obrigando os demais, menos potentes a seguir seus “mandatos”, e que o deslocamento das massas do corpo (cabeça, barriga e costas) faz com que as curvas vertebrais se acentuem, obrigando os músculos ligados às vértebras a tomarem uma posição de arco côncavo; e essa curva e o achatamento da musculatura posterior (que é o preço do nosso equilíbrio) só tendem a agravar-se com o decorrer dos anos. A essa curvatura dá- se o nome de lordose.
A partir dessas descobertas, Mézières afirmou que “a questão não está na “fraqueza” da musculatura posterior, mas no excesso de força, sugerindo então que a solução seria soltar os músculos posteriores para que eles libertem as vértebras mantidas no arco côncavo”, esclareceu também que não é somente o esforço para ficar em equilíbrio que encurta os músculos posteriores, mas também todos os movimentos de média e grande amplitude executados pelos braços e pernas, que estão ligados pela coluna vertebral.

A inovação proposta por Mézières pautou-se na seguinte observação: cada vez que tentava tornar menos acentuada a curva de um seguimento da coluna vertebral, a curva era deslocada para outro seguimento. Desta forma era necessário considerar o corpo em sua totalidade e cuidar dele como um todo.

Então, seguindo estes princípios propostos por Françoise Mézières, em 1947 nascia o método
Mézières, através da observação de uma paciente afetada de hipercifose e de uma grave forma de artrite escapulo-umeral bilateral que limitava quase que totalmente o movimento natural da articulação superior. Mézières a partir de seus estudos e descobertas aplicou as melhores formas possíveis de posturas cuidadosamente corrigidas de maneira ativa e com longa duração, obtendo ótimos resultados. Dois anos depois publicou uma observação capital com o título “Revolução na Ginástica Ortopédica”, onde afirmava que as lordoses estão na origem de todas as deformações, as afecções decorrentes da lordose são devidas as compensações musculares causadas por esta curvatura.

Mademoiselle Françoise Mézières considerou então, um tratamento cuja base é o alongamento dos músculos que causam a lordose e músculos rotadores internos (músculos posteriores), por manutenção postural prolongada a fim de obter um efeito de “fluidez” das massas musculares.

O Método Mézières estendeu- se a todo o corpo humano, como já foi citado, e tornou- se um método completo de aplicação dos princípios das cadeias musculares, tratando o indivíduo em sua totalidade, buscando tratar as causas e não os sintomas e, o físico e o emocional, proporcionando o bem estar dos pacientes.

Tem-se o conhecimento de que a maioria dos fisioterapeutas e médicos que assistiram às conferências de Françoise Mézières, não achara nada para se contestar, pois os resultados eram notáveis.

Mézières tinha como finalidade no seu trabalho, tornar o indivíduo autônomo, dono de seu corpo. Acreditava que, para isso, ele precisava tornar-se consciente da organização dos próprios movimentos, conhecer-se e aceitar a responsabilidade de cuidar de si. O essencial do método Mézières é a introdução da globalidade no trabalho do fisioterapeuta. Globalidade entendendo trabalhar o alongamento e o fortalecimento dos músculos do corpo todo, ao mesmo tempo.

O texto abaixo, retirado do livro “O Corpo tem suas razões”, de Thérese Bertherat, ilustra o início do trabalho de Madame Françoise Mézières:

“Nesse momento foi-lhe enviada uma doente de 40 anos magra e longilínea apresentando uma enorme cifose e uma recente periartrite nos ombros, colete de couro e ferro ordenado dois anos antes, não tendo corrigido, mas tendo ferido sete vértebras e os pontos das escápulas em carne viva, equimoses nos ombros e nas ancas. Desde que tentou classicamente puxar em posição sentada seus ombros para trás, apoiando sobre a cifose, e não teve nenhum resultado, resolveu colocá-la em decúbito dorsal e apoiá-la sobre os ombros. Esta ação provocou imediatamente uma enorme hiperlordose lombar. Corrigida por uma flexão de joelhos, esta hiperlordose apareceu na cervical e a cabeça recuou para trás. Isso encorajou Madame Mézières a flexibilizar a musculatura paravertebral”.

O sucesso de seu tratamento a leva a formular o princípio de base e suas leis:

1ª Lei: Os tão numerosos músculos posteriores se comportam como um só músculo.
2ª Lei: Estes músculos são muito tônicos e muitos curtos.
3ª Lei: Toda ação localizada - tanto o alongamento quanto o encolhimento - causa o encurtamento do conjunto do sistema.
4ª Lei: Toda oposição a esse encurtamento provoca instantaneamente látero-flexões e rotações da coluna e dos membros.
5ª Lei: A rotação dos membros é sempre interna.
6ª Lei: Todo alongamento, distorção, dor, todo esforço implica instantaneamente um bloqueio respiratório em inspiração.

A Técnica deve visar uma postura global do corpo. Global entendendo trabalhar os músculos em conjunto da cabeça aos pés ao mesmo tempo. Desvios posturais devem ser tratados visando as abordagens das cadeias para se corrigir as compensações. A partir do sintoma investiga a sua origem. Do ponto de vista global do corpo, conhecendo-se as cadeias musculares, criam-se condições de encontrar o motivo primário ou causal da lesão que levou a uma série de compensações que comprometem a boa postura aparada pela musculatura estática. A idéia do método é proporcionar alongamento em todas as cadeias musculares retraídas para fortalecê-las e aumentar o seu comprimento modificando assim a atitude óssea deformada, para isso é importante fazer a diferenciação entre a musculatura do corpo em músculos estáticos e músculos dinâmicos.

Músculos estáticos ou antigravitários são responsáveis pelo equilíbrio ou postura do corpo, por isso são sempre muito requisitados, tem um funcionamento involuntário o que significa que não atendem prontamente a nossa vontade. Tem uma inervação reflexa automática. Como são músculos curtos e sobrecarregados de esforços, por serem muito solicitados, tendem a ficar fracos e hipertônicos, produzindo pouca sustentação e uma baixa eficácia no seu funcionamento. É então importante que seja feito um trabalho para criar flexibilidade e fortalecimento nesses músculos através da contração isotônica excêntrica, numa posição de máximo alongamento para produzir um aumento de força nos músculos, globalmente.

Músculos dinâmicos ou gravitários são responsáveis pelo movimento do corpo e atendem ao comando voluntário, possui inervação fásica, ocasional. O trabalho que deve ser feito nesse tipo de musculatura é de contração isotônica concêntrica. Usaremos a seguinte analogia para clarear o funcionamento muscular no corpo humano.

Imaginem um grupo de pessoas no cabo de guerra. Se um dos atletas tropeça, todos os seus companheiros serão derrubados em direção de seu desequilíbrio. Na musculatura o mesmo acontece quando um músculo se retrai ou se encurta os outros músculos pertencentes ao sistema também se encurtaram o que não é bom para a coluna que arcará com todas as sobrecargas da situação. É onde deparamos com o aparecimento dos desvios posturais.

Exemplos de algumas posturas utilizadas pelo método:







Autor: Prof. Ms. Thiago Vilela Lemos

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